A oliveira milenar que ainda dá frutos depois de 3.000 anos

A oliveira de Vouves tem mais de 3.000 anos e ainda produz azeitonas.
Foto: Reprodução

Na encosta de uma colina na pequena cidade de Vouves , em Creta, uma oliveira resistente ao tempo continua a dar frutos há mais de três milênios. Com tronco retorcido, casca rugosa como couro antigo e galhos que se erguem como braços em oração, essa árvore não é apenas um monumento da natureza — é uma testemunha viva da história humana. Enquanto impérios surgiram e desapareceram, guerras mudaram mapas e civilizações evoluíram, ela permaneceu firme, produzindo azeitonas com as mesmas mãos que hoje cuidam dela há gerações.

Conhecida como a oliveira gigante de Vouves , essa centenária é considerada uma das árvores mais antigas do mundo ainda em produção. Estudos realizados por botânicos e dendrocronologistas indicam que sua idade está entre 3.000 e 5.000 anos, o que significa que já estava viva na época da Grécia antiga , muito antes da fundação de Roma e das primeiras Olimpíadas de Atenas . Seus frutos são colhidos anualmente por agricultores locais, transformados em azeite e até usados em cerimônias oficiais, como a coroação dos campeões nos Jogos Mediterrâneos.

A Oliveira Gigante de Vouves: Um Monumento Vivo da Natureza

Localizada no vilarejo de Ano Vouves, a cerca de 25 km de Chania, a oliveira de Vouves é protegida como patrimônio natural pela Grécia. Seu tronco tem mais de 4,6 metros de diâmetro e se divide em vários troncos principais, resultado de séculos de adaptação ao clima mediterrâneo, com verões escaldantes e invernos amenos. Apesar de parte do tronco estar oca, o sistema radicular permanece forte, absorvendo nutrientes do solo rochoso com uma eficiência que impressiona cientistas do mundo inteiro.

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O que torna essa árvore ainda mais notável é sua produtividade contínua. Todos os anos, na época da colheita — geralmente entre novembro e dezembro —, famílias da região se reúnem para colher suas azeitonas à mão, usando técnicas tradicionais passadas de pai para filho. O azeite produzido é marcado com selo de origem e vendido como “Azeite da Árvore Milenar”, sendo altamente valorizado por turistas e apreciadores de produtos artesanais. Parte da receita é revertida para a manutenção do sítio, garantindo que a árvore continue protegida por muitas gerações.

Em 2019, durante uma visita simbólica, atletas olímpicos receberam coroas feitas com ramos dessa oliveira , numa homenagem direta aos jogos da Antiguidade, onde o louro e o ramo de oliveira representavam vitória e paz. Esse gesto fortaleceu o vínculo entre o presente e o passado, mostrando que algumas tradições não precisam morrer para serem lembradas — basta que algo vivo as carregue adiante. A oliveira de Vouves não é apenas uma árvore; é um símbolo de identidade, cultura e conexão com os ancestrais.

Botânicos destacam que a longevidade extrema de certas oliveiras está ligada à sua biologia única. Elas têm capacidade de regeneração celular impressionante, conseguem entrar em estado de dormência durante períodos de seca e, mesmo quando parecem mortas, podem brotar novamente a partir de tecidos residuais. É como se a própria essência da vida estivesse codificada em seus genes, permitindo que superem incêndios, doenças e mudanças climáticas.

O Legado da Oliveira na Civilização Mediterrânea

A oliveira sempre ocupou um lugar sagrado no imaginário mediterrâneo. Na Grécia antiga , era consagrada à deusa Atena, que, segundo a mitologia, presenteou Atenas com a primeira oliveira, garantindo alimento, luz (com o óleo das azeitonas) e paz. Desde então, a árvore tornou-se sinônimo de sabedoria, força e bênção divina. Em Roma, o azeite era tão valioso que chegou a ser usado como moeda de troca e combustível para lâmpadas nos templos.

Durante séculos, a cultura da oliveira espalhou-se por todo o sul da Europa, norte da África e Oriente Médio, moldando economias inteiras. Cidades prosperaram graças ao comércio do azeite, e rotas marítimas foram traçadas para transportá-lo. Mesmo hoje, o Mediterrâneo produz mais de 70% do azeite mundial, com países como Espanha, Itália e Grécia liderando a produção. Mas nenhuma árvore resume esse legado tão bem quanto a de Vouves.

Além do valor econômico, a oliveira representa um estilo de vida. Cultivá-la exige paciência, cuidado e respeito pelo tempo. Não é uma planta que dá retorno rápido — leva décadas para atingir sua plenitude. Por isso, plantar uma oliveira é um ato de esperança no futuro, um presente para quem virá depois. Muitos agricultores dizem que “plantam para os netos”, sabendo que colherão apenas parte dos frutos de seu trabalho.

Esse pensamento contrasta profundamente com a lógica moderna do imediatismo. Vivemos em uma era de consumo acelerado, onde tudo deve ser rápido, descartável e instantâneo. A oliveira milenar , porém, nos convida a desacelerar, a honrar o passado e a cuidar do que perdura. Ela é um lembrete silencioso de que a verdadeira riqueza nem sempre está no novo, mas no que resiste.

Uma História Real: Quando a Árvore Uniu uma Comunidade

Em 2016, um incêndio florestal ameaçou a região de Vouves. Ventos fortes empurravam as chamas em direção ao vilarejo, e os moradores temiam o pior. Mas, ao chegarem ao pé da oliveira gigante , encontraram uma cena emocionante: dezenas de pessoas — jovens, idosos, bombeiros voluntários — formavam uma linha humana, molhando o solo e os galhos com baldes d’água, protegendo a árvore como se fosse um membro da família.

“Ela nos alimentou por gerações”, disse Maria Petrakis, de 78 anos, enquanto segurava um saco de areia para isolar o tronco. “Não íamos deixar o fogo levá-la agora.” Graças ao esforço coletivo, o foco principal foi contido, e a árvore sobreviveu. Nos meses seguintes, escolas locais organizaram projetos educacionais sobre preservação ambiental, usando a história como exemplo de união e amor à terra.

Essa cena mostra que a oliveira não é apenas um organismo biológico — é um coração comunitário. Ela une passado e presente, natureza e cultura, indivíduo e coletivo. E enquanto der frutos, haverá sempre alguém disposto a protegê-la.

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