
No coração do deserto do Saara , onde as tempestades de areia esculpem dunas milenares e o calor distorce o horizonte, caçadores de pedras celestes fizeram uma descoberta que pode reescrever a história do Sistema Solar. Meteoritos recolhidos em regiões remotas do norte da África apresentam uma composição química tão incomum que cientistas do Museu de História Natural de Viena e do Instituto de Pesquisas Planetárias da Alemanha acreditam: essas rochas podem ter se originado em Mercúrio , o planeta mais próximo do Sol. Se confirmado, seria a primeira vez que material de Mercúrio é encontrado na Terra — e veio parar no lugar mais inesperado.
Esses fragmentos, conhecidos coletivamente como grupo NWA 7325 (Northwest Africa 7325), foram descobertos ao longo dos anos em áreas como Marrocos, Argélia e Mauritânia. Sua cor esverdeada, baixo teor de ferro e alta presença de cálcio e alumínio os diferenciam de quase todos os outros meteoritos já catalogados. Análises detalhadas mostram que sua assinatura isotópica e mineralógica não combina com a Lua, Marte ou asteroides comuns — mas se alinha de forma intrigante com dados coletados pela sonda MESSENGER da NASA, que orbitou Mercúrio entre 2011 e 2015. Neste artigo, você vai entender como cientistas chegaram a essa hipótese, por que o Saara é um dos melhores lugares do mundo para encontrar meteoritos e o que essa descoberta pode revelar sobre os segredos do planeta mais escaldante do nosso sistema.
O Mistério dos Meteoritos NWA 7325: Uma Origem Celestial Inesperada
A pista que levou à suspeita de origem mercuriana está na química interna desses meteoritos . Eles são compostos por uma mistura rara de piroxênio, plagioclásio e minerais ricos em magnésio, com níveis extremamente baixos de níquel e ferro metálico — algo que não é típico de meteoritos provenientes de Marte ou do cinturão de asteroides. Quando comparados aos dados da sonda MESSENGER, que mapeou a superfície de Mercúrio, os cientistas notaram uma semelhança impressionante na composição das rochas do planeta e dessas amostras terrestres.
Mas como pedaços de Mercúrio chegariam até o deserto do Saara ? A teoria mais aceita envolve impactos cataclísmicos. Há bilhões de anos, grandes asteroides podem ter colidido com Mercúrio com tanta força que ejetaram fragmentos para o espaço. Alguns desses detritos, arrastados pela gravidade e pelas forças solares, entraram em órbitas instáveis e, eventualmente, cruzaram o caminho da Terra. Ao entrar na atmosfera, a maioria se desintegra, mas os mais resistentes sobrevivem e caem como meteoritos.
O Saara é um dos locais mais férteis para encontrar essas relíquias cósmicas por uma combinação perfeita de fatores: pouca umidade (que reduz a corrosão), pouca vegetação (que facilita a visualização) e uma superfície clara de areia, onde rochas escuras se destacam facilmente. Caçadores locais, muitas vezes nômades ou comerciantes, encontram esses fragmentos e os vendem a colecionadores e instituições científicas. Foi assim que os NWA 7325 chegaram aos laboratórios — como pedras sem valor aparente, mas com um passaporte estelar extraordinário.
Ainda não há certeza absoluta. Alguns cientistas argumentam que esses meteoritos podem vir de um asteroide desconhecido com composição semelhante. Mas o fato de tantas evidências apontarem para Mercúrio torna a hipótese não apenas plausível, mas emocionante. Se confirmada, significaria que temos, nas mãos, pedaços de um mundo que nunca visitamos diretamente.
Por Que Mercúrio é um Planeta Tão Diferente?
Mercúrio é um enigma em movimento. Com apenas 4.880 km de diâmetro — menor que alguns satélites naturais, como Ganimedes —, ele orbita o Sol a uma distância média de 58 milhões de quilômetros, enfrentando temperaturas que variam de 430 °C durante o dia a -180 °C à noite. Apesar de seu tamanho pequeno, tem um núcleo metálico gigantesco, que ocupa cerca de 85% de seu volume, gerando um campo magnético fraco, mas surpreendente.
Sua superfície é coberta por crateras antigas, planícies vulcânicas e fissuras profundas, resultado de sua lenta contração ao longo do tempo. A ausência de uma atmosfera significativa faz com que não haja erosão, preservando bilhões de anos de história cósmica em sua crosta. É como um arquivo geológico aberto — se pudéssemos estudar suas rochas diretamente.
É justamente por isso que os meteoritos do Saara são tão valiosos. Missões espaciais a Mercúrio são extremamente difíceis devido à intensa gravidade solar e ao calor extremo. A única sonda a orbitar o planeta foi a MESSENGER, e a próxima, BepiColombo (uma parceria entre ESA e JAXA), só chegará em 2025. Enquanto isso, essas pequenas pedras que caíram no deserto podem ser nossa melhor fonte de informação direta sobre sua formação e evolução.
Além disso, entender a composição de Mercúrio ajuda a decifrar como os planetas rochosos se formaram no Sistema Solar. Por que ele tem tanto metal? Teria perdido parte de sua crosta em um impacto gigantesco no passado? Cada fragmento encontrado pode conter uma resposta.
Uma História Real: Quando um Pastor Encontrou o Céu
Em 2012, o pastor saariano Ahmed Toubal, enquanto procurava por uma cabra perdida nas montanhas do Saara marroquino, avistou uma pedra verde-escura com brilho metálico, parcialmente enterrada na areia. Curioso, guardou-a na mochila. Anos depois, ao ver uma reportagem sobre meteoritos, ele reconheceu o objeto e o levou a um geólogo em Marrakesh.
A amostra fazia parte do grupo NWA 7325. Ahmed não ganhou fortuna, mas viu seu nome citado em um artigo científico. “Nunca imaginei que uma pedra do meu deserto pudesse vir de um planeta tão distante”, disse em entrevista. “Agora, quando olho para o céu, sinto que parte do universo está aqui, na minha terra.”
Sua história mostra que a ciência nem sempre começa em laboratórios. Às vezes, começa com um olhar atento no meio do deserto — e com a humildade de reconhecer que o mundo é muito maior do que imaginamos.No coração do deserto do Saara , onde as tempestades de areia esculpem dunas milenares e o calor distorce o horizonte, caçadores de pedras celestes fizeram uma descoberta que pode reescrever a história do Sistema Solar. Meteoritos recolhidos em regiões remotas do norte da África apresentam uma composição química tão incomum que cientistas do Museu de História Natural de Viena e do Instituto de Pesquisas Planetárias da Alemanha acreditam: essas rochas podem ter se originado em Mercúrio , o planeta mais próximo do Sol. Se confirmado, seria a primeira vez que material de Mercúrio é encontrado na Terra — e veio parar no lugar mais inesperado.
Esses fragmentos, conhecidos coletivamente como grupo NWA 7325 (Northwest Africa 7325), foram descobertos ao longo dos anos em áreas como Marrocos, Argélia e Mauritânia. Sua cor esverdeada, baixo teor de ferro e alta presença de cálcio e alumínio os diferenciam de quase todos os outros meteoritos já catalogados. Análises detalhadas mostram que sua assinatura isotópica e mineralógica não combina com a Lua, Marte ou asteroides comuns — mas se alinha de forma intrigante com dados coletados pela sonda MESSENGER da NASA, que orbitou Mercúrio entre 2011 e 2015. Neste artigo, você vai entender como cientistas chegaram a essa hipótese, por que o Saara é um dos melhores lugares do mundo para encontrar meteoritos e o que essa descoberta pode revelar sobre os segredos do planeta mais escaldante do nosso sistema.
O Mistério dos Meteoritos NWA 7325: Uma Origem Celestial Inesperada
A pista que levou à suspeita de origem mercuriana está na química interna desses meteoritos . Eles são compostos por uma mistura rara de piroxênio, plagioclásio e minerais ricos em magnésio, com níveis extremamente baixos de níquel e ferro metálico — algo que não é típico de meteoritos provenientes de Marte ou do cinturão de asteroides. Quando comparados aos dados da sonda MESSENGER, que mapeou a superfície de Mercúrio, os cientistas notaram uma semelhança impressionante na composição das rochas do planeta e dessas amostras terrestres.
Mas como pedaços de Mercúrio chegariam até o deserto do Saara ? A teoria mais aceita envolve impactos cataclísmicos. Há bilhões de anos, grandes asteroides podem ter colidido com Mercúrio com tanta força que ejetaram fragmentos para o espaço. Alguns desses detritos, arrastados pela gravidade e pelas forças solares, entraram em órbitas instáveis e, eventualmente, cruzaram o caminho da Terra. Ao entrar na atmosfera, a maioria se desintegra, mas os mais resistentes sobrevivem e caem como meteoritos.
O Saara é um dos locais mais férteis para encontrar essas relíquias cósmicas por uma combinação perfeita de fatores: pouca umidade (que reduz a corrosão), pouca vegetação (que facilita a visualização) e uma superfície clara de areia, onde rochas escuras se destacam facilmente. Caçadores locais, muitas vezes nômades ou comerciantes, encontram esses fragmentos e os vendem a colecionadores e instituições científicas. Foi assim que os NWA 7325 chegaram aos laboratórios — como pedras sem valor aparente, mas com um passaporte estelar extraordinário.
Ainda não há certeza absoluta. Alguns cientistas argumentam que esses meteoritos podem vir de um asteroide desconhecido com composição semelhante. Mas o fato de tantas evidências apontarem para Mercúrio torna a hipótese não apenas plausível, mas emocionante. Se confirmada, significaria que temos, nas mãos, pedaços de um mundo que nunca visitamos diretamente.
Por Que Mercúrio é um Planeta Tão Diferente?
Mercúrio é um enigma em movimento. Com apenas 4.880 km de diâmetro — menor que alguns satélites naturais, como Ganimedes —, ele orbita o Sol a uma distância média de 58 milhões de quilômetros, enfrentando temperaturas que variam de 430 °C durante o dia a -180 °C à noite. Apesar de seu tamanho pequeno, tem um núcleo metálico gigantesco, que ocupa cerca de 85% de seu volume, gerando um campo magnético fraco, mas surpreendente.
Sua superfície é coberta por crateras antigas, planícies vulcânicas e fissuras profundas, resultado de sua lenta contração ao longo do tempo. A ausência de uma atmosfera significativa faz com que não haja erosão, preservando bilhões de anos de história cósmica em sua crosta. É como um arquivo geológico aberto — se pudéssemos estudar suas rochas diretamente.
É justamente por isso que os meteoritos do Saara são tão valiosos. Missões espaciais a Mercúrio são extremamente difíceis devido à intensa gravidade solar e ao calor extremo. A única sonda a orbitar o planeta foi a MESSENGER, e a próxima, BepiColombo (uma parceria entre ESA e JAXA), só chegará em 2025. Enquanto isso, essas pequenas pedras que caíram no deserto podem ser nossa melhor fonte de informação direta sobre sua formação e evolução.
Além disso, entender a composição de Mercúrio ajuda a decifrar como os planetas rochosos se formaram no Sistema Solar. Por que ele tem tanto metal? Teria perdido parte de sua crosta em um impacto gigantesco no passado? Cada fragmento encontrado pode conter uma resposta.
Uma História Real: Quando um Pastor Encontrou o Céu
Em 2012, o pastor saariano Ahmed Toubal, enquanto procurava por uma cabra perdida nas montanhas do Saara marroquino, avistou uma pedra verde-escura com brilho metálico, parcialmente enterrada na areia. Curioso, guardou-a na mochila. Anos depois, ao ver uma reportagem sobre meteoritos, ele reconheceu o objeto e o levou a um geólogo em Marrakesh.
A amostra fazia parte do grupo NWA 7325. Ahmed não ganhou fortuna, mas viu seu nome citado em um artigo científico. “Nunca imaginei que uma pedra do meu deserto pudesse vir de um planeta tão distante”, disse em entrevista. “Agora, quando olho para o céu, sinto que parte do universo está aqui, na minha terra.”
Sua história mostra que a ciência nem sempre começa em laboratórios. Às vezes, começa com um olhar atento no meio do deserto — e com a humildade de reconhecer que o mundo é muito maior do que imaginamos.
📌 Compartilhe este artigo se você gostou desse conteúdo.
📱 Siga-nos nas redes sociais:
Facebook • Instagram • para não perder as últimas novidades sobre o mundo da ciência, tecnologia e fatos curiosos.

Sobre o Autor
Escritor apaixonado por desvendar os mistérios do mundo, sempre em busca de curiosidades fascinantes, descobertas científicas inovadoras e os avanços mais impressionantes da tecnologia.