O peixe pulmonado africano pode hibernar no seco por anos e continuar vivo, entenda!

O peixe peixe pulmonado africano
 (Mitch Ames/Wikimedia Commons)

No coração das savanas alagadas da África subsaariana , um peixe esconde um dos segredos mais incríveis da evolução: ele pode sobreviver anos enterrado na lama seca, sem água, sem comida e quase sem respirar — e, quando as chuvas retornam, simplesmente acorda e volta a nadar. Conhecido como peixe pulmonado africano (Protopterus annectens ), esse ser aparentemente comum é um mestre da resistência, capaz de entrar em um estado de hibernação chamado estivação , que desafia tudo o que sabemos sobre os limites da vida.

Enquanto a maioria dos peixes morre em minutos fora da água, o peixe pulmonado pode permanecer vivo por até quatro anos em condições aparentemente impossíveis. Ele se envolve em um casulo de muco, reduz seu metabolismo para menos de 20% do normal e respira através de um pulmão primitivo, absorvendo oxigênio do ar. Essa adaptação milenar permite que ele sobreviva aos longos períodos de seca que transformam rios e pântanos em desertos de barro rachado. Neste artigo, você vai descobrir como esse processo funciona, por que ele é uma maravilha da natureza e o que podemos aprender com um animal que domina a arte de esperar.

O Milagre da Estivação: Como um Peixe Sobrevive no Seco

Quando as chuvas param e os pântanos da África subsaariana começam a secar, o peixe pulmonado africano entra em modo de sobrevivência. Ele escava um buraco na lama com a boca, ajeita o corpo e começa a produzir um muco espesso que, ao secar, forma um casulo ao seu redor — como uma cápsula hermética. Dentro desse invólucro, o peixe enrola-se em espiral, com a cabeça próxima à boca, onde mantém uma pequena abertura para respirar ar do ambiente.

Nesse estado de estivação , seu coração desacelera drasticamente, sua temperatura corporal cai e suas funções vitais entram em modo de economia extrema. Ele quebra lentamente seus próprios músculos e tecidos para obter energia, um processo chamado autofagia , que permite sua sobrevivência por meses — e, em alguns casos, até quatro anos. Durante esse tempo, ele não se move, não come e quase não respira. É como se o tempo tivesse parado para ele.

Quando as primeiras chuvas da estação úmida retornam, a água penetra no casulo, reidratando o peixe e reativando seu metabolismo. Em poucas horas, ele se desenrola, rompe o muco e retorna ao ambiente aquático como se nada tivesse acontecido. Estudos mostram que, mesmo após três anos em estivação, o peixe pode nadar, se alimentar e se reproduzir normalmente. Essa resiliência é tão impressionante que cientistas o chamam de “peixe zumbi” — não por ser morto-vivo, mas por ressuscitar com tanta facilidade.

Esse comportamento não é apenas uma curiosidade biológica — é uma lição de adaptação. Em um mundo onde as mudanças climáticas intensificam secas e inundações, entender como o peixe pulmonado sobrevive pode inspirar novas pesquisas em medicina, preservação de órgãos e até missões espaciais com hibernação humana.

Por Que o Peixe Pulmonado Africano é uma Maravilha da Evolução

O peixe pulmonado africano pertence a uma linhagem ancestral que remonta a mais de 400 milhões de anos. Ele é um dos poucos peixes vivos capazes de respirar ar, graças a um pulmão verdadeiro — um órgão que evoluiu antes mesmo dos anfíbios surgirem na Terra. Essa característica faz dele um elo crucial entre os peixes e os primeiros vertebrados terrestres. Em outras palavras, ele é um “fóssil vivo” que nos mostra como a vida pode ter saído dos oceanos.

Além disso, seu DNA contém genes que regulam a regeneração de tecidos e a tolerância ao estresse oxidativo — processos que estão sendo estudados para combater doenças como o câncer e o envelhecimento celular. Pesquisadores da Universidade de Copenhague já conseguiram identificar proteínas no muco do casulo que protegem as células da desidratação extrema, um avanço que pode ajudar a desenvolver novos métodos de conservação de alimentos e medicamentos.

Para as comunidades locais, o peixe pulmonado também tem valor cultural e alimentar. Em algumas regiões, ele é caçado durante a seca, quando está em estivação, e considerado uma fonte importante de proteína. No entanto, o desmatamento, a conversão de pântanos em áreas agrícolas e a poluição ameaçam seu habitat natural. Proteger esses ecossistemas não é apenas preservar um animal raro, mas manter um laboratório natural de adaptação e sobrevivência.

A evolução não busca a perfeição — busca a continuidade. E o peixe pulmonado africano é um exemplo vivo de como a vida encontra caminhos, mesmo quando o mundo parece se fechar.

Uma História Real: Quando o Peixe Voltou da “Morte”

Em 2018, um agricultor no Sudão do Sul encontrou um casulo de lama seco durante o plantio. Achando que era apenas um pedaço de barro endurecido, jogou-o em um balde d’água para amolecer. Horas depois, para seu espanto, o objeto começou a se mover. O casulo se abriu e, de dentro, saiu um peixe pulmonado nadando lentamente.

O vídeo do momento viralizou nas redes locais. “Pensei que estava vendo um espírito”, contou o homem. “Mas era só um peixe que esperou três anos pela chuva.” O animal foi devolvido ao rio e observado por biólogos, que confirmaram sua plena recuperação.

Esse caso mostra que a natureza é muito mais resistente do que imaginamos — e que, às vezes, a vida só precisa de uma gota de esperança para renascer.

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